02 novembro 2005

POLÍTICA - Ota e Tgv II

Não querendo deixar meramente perguntas no ar, como foi o caso do último post, deixo registado neste primeiro artigo, a minha opinião acerca do caso aeroporto da Ota. Num próximo abordarei o caso Tgv.

Mas primeiro, antes de tomar partidos, temos de definir o principal e verdadeiro objectivo de cada um destes empreendimentos e demarcar a forma como os vemos em termos de investimento público. Só assim poderemos defender uma opinião. Isto é algo que à partida os nossos governantes não fazem.

Assim sendo, o novo aeroporto da Ota surge como alternativa ao actual aeroporto de Lisboa, uma vez não sendo possível que este sofra grandes alargamentos, tão necessários aos caudais de passageiros esperados no futuro. No entanto, também se visualizou na Ota um grande aeroporto que serviria de porta de entrada na Europa a todo o tráfego aéreo transatlântico, isto é, serviria como aeroporto de ligação para os diversos pontos da Europa. Ora esta ideia revela-se de enorme importância, uma vez que colocaria Portugal no “centro” da Europa, tornando-se um ponto de convergência de tráfego. Com certeza que isto traria inúmeras vantagens para o nosso país.

No entanto, deparamo-nos com um problema: Espanha já fez isso há cerca de dez anos atrás com o aeroporto de Madrid. Hoje em dia, Madrid começa a ser a entrada atlântica na Europa e, neste caso, estamos com vinte anos de atraso. Sinceramente, acho que nunca conseguiremos ultrapassar esse atraso, nunca alcançaremos esse objectivo.

Pondo de parte a questão do “mega-aeroporto” de entrada na Europa, voltamos à estaca do mero alargamento com vista a suprimir as necessidades futuras. E coloca-se aí uma questão: será necessário um tão grande investimento de capital para este fim? Eu penso que não. Existem outras formas de colmatar esta necessidade. Se calhar se redistribuir um pouco mais o tráfego pelo Porto e por Faro, se aumentar o aeroporto da Portela até onde fosse possível, se transformar o aeroporto de Figo Maduro e da Alcochete em aeroportos capazes de receber condignamente os passageiros, se capacitar um desses aeroportos com as condições necessárias às companhias aéreas de low-cost (essas companhias necessitam de tempos de desembarque, abastecimento e embarque muito curtos), talvez gastar-se-ia menos dinheiro público e especificaria o tipo de serviço a dispor em cada aeroporto.

Mas são estas questões, é este diálogo aberto que os nossos governantes não têm connosco. Não nos dizem o porquê das coisas, e depois surgem um sem número de opiniões mal formadas baseadas em meras simpatias partidárias. Para se modernizar o país, há que primeiro formar um povo esclarecido, sem dúvidas e consciente dos destinos da nação.

3 comentários:

Anónimo disse...

Formar um povo esclarecido! Ora aí está! Quantos entre os 10 milhões que somos se incluem nessa categoria? Poucos, muito poucos... E porquê? Falta de informação, falta de esclarecimento, sem dúvida... Mas depois há o reverso da moeda: a falta de formação, a falta de interesse por estes assuntos, o "isso é lá com eles", a falta de um entendimento mínimo, a falta de 2 dedos de testa...
Ainda nas eleições passadas, quando estava na fila para ir votar e contemplei o panorama à minha volta, questionei-me: quantas destas pessoas estão a fazer um voto consciente, quantas conhecem e reflectiram acerca dos programas de cada um dos partidos?(Se vale a pena ou não reflectir, isso já é outra história, eu pelo menos quero acreditar que sim, que não são todos iguais e que ainda há pessoas sérias na política)Adiante... Questionava-me eu então: Quantas destas pessoas sabem o que querem dizer aqueles palavrões que aparecem nos boletins de voto, as Assembleias Municipais, de Freguesia...? Quantas não se questionaram para que eram precisos 3 papeis, quando o padre da paróquia só disse que tinham que pôr a cruz à frente da seta que aponta para o céu? Que maçada ter que repetir 3 vezes a cruz!
A falta de esclarecimento é enorme, a falta de formação é maior ainda... e não falo só nas pessoas mais idosas que vão por aquilo que o padre da paróquia diz (não que ele não diga coisas bem ditas, note-se!), falo também nas camadas mais jovens da população que, ou não sabem e nem querem saber disto para nada, ou então têm a mania que sabem e não sabem nada. De vez em quando mandam uns palpites para o ar, meros palpites mas ditos tão convicatmente que até parece que percebem alguma coisa do assunto!Os que até poderiam perceber alguma coisa não se querem meter nestas andanças da política, preferem continuar no seu insignificante mundo de gente desconhecida a verem o seu nome associado a autenticas palhaçadas como as que têm vindo a público, directamente do mundo político!
Falemos pois do investimento no TGV, falemos do novo aeropoto da Ota e, já agora, falemos também no investimento na Educação! Porque se já o tivessemos feito há pelo menos uns 10 ou 20 anos atrás, hoje teriamos concerteza um povo mais bem formado, com valores mais elevados, mais esclarecido e condignamente participativo nos destinos do país; um povo que saberia pensar, reflectir e escutar a quem de direito e não a quem oferece mais excursões aos idosos e mais tachos!Um povo que nunca votaria a favor da corrupção numa Fátima Felgueiras, num Valentim Loureiro ou num Isaltino Morais.

Daniel Carvalho Domingues disse...

oh voz da razao, dizes coisas bem ditas! podias era assinar o teu nome para saires do anonimato geral! Não é que eu não saiba quem tu és ;) heheheh!

Anónimo disse...

Olá! Devia estar a estudar mas num breve período de descanso nao resisti a mandar mais umas achas para a fogueira. É que andamos todos muito ocupados a pensar na viabilidade técnica e no interesse do aeroporto da Ota em geral. No que me toca já tenho opinião formada quanto a isso. O aeroporto não vai servir para nada! Além de ser muito longe da cidade que pretende servir também terá sérios problemas de expansão uma vez que a topografia à volta da zona da pista é bastante acidentada pelo que inviabilizará uma futura expansão pelo que talvez daqui a uns anos talvez teremos que construir um novo aeroporto para expandir o da Ota que também não tem condições de se expandir. Por outro lado o argumento de ser um grande porta de entrada na península (com letra pequena uma vez que sou bastante avesso aos iberismos que estão cada vez mais na moda...mas adiante) também é uma grande TANGA. Foi também com argumentos desse género que em décadas anteriores se investiram rios de dinheiro público do porto de Sines que neste momento não passa de um ancoradouro, portanto acho que está mais do que provado que não precisamos de criar mais portas de entrada na península mas sim aproveitar as que já existem. CONTUDO o aeroporto da Ota poderá ser mesmo a meu ver um investimento muito bom para o país não a nível técnico mas sim financeiro. Não estou a ser irónico e sei que parece um contra senso mas poderemos tirar vantagem deste investimento na medida em que será mais facil captar subsidiamento europeu para este tipo de projectos e pelas contas do governo financiamento exterior será cerca de dez vezes superior ao investimento governamental (cerca de 300 milhoes de contos dos quais 30 são investimento governamental...nao se fiem muito nos números pois não tenho muito boa memória) mas a ideia geral é esta. Ou seja o investimento na Ota não poderá ser visto somente do ponto de vista técnico e funcional mas também do ponto de vista dos euros exteriores que introduzirá no nosso país com todoso os efeitos directos e indirectos de alavancagem económica que daí advêm. Obviamente que este é um argumento que não pode aparecer na comunicação social pois se começamos a passar a ideia de que a única razão para construirmos o aeroporto é o dinheiro europeu obviamente que não nos vão conceder esse financiamento.
Vou ter que parar se alguém se interessar por este ponto de vista comentem.
Manel