27 outubro 2006

Na aldeia global...

“A verdade é que ainda há muita gente para quem a defesa da privacidade e da intimidade são elementos essenciais da sua dignidade e da dignidade dos outros, muita gente que se respeita a si próprio para gostar de ter e viver no seu espaço de liberdade. […] São cada vez mais uma minoria em extinção, face aos maus hábitos das gerações antigas habituadas à coscuvilhice e ao boatério e das mais novas que praticam a "aldeia global" com todos os inconvenientes da "aldeia", onde todos se conhecem. As gerações do telemóvel e da Internet anónima crescem sem qualquer respeito pela privacidade e intimidade, como se vivessem num reality show. São eles que não perceberam que, ao aceitar um telemóvel com GPS ou com vídeo, aceitam ser controlados com eficácia. Não querem saber, cresceram assim, ninguém os educou para a reserva de si próprios. Serão excelentes clientes para os psiquiatras, quando tiverem dinheiro para os pagar.”

José Pacheco Pereira, Público 26/10/2006

26 outubro 2006

Competitividade

Enquanto escrevia o post anterior, questionei-me sobre a competitividade de Portugal no mundo económico internacional. Podemos classificar a mão-de-obra portuguesa como generalizadamente desqualificada, triste facto que se deve à má abordagem do sistema de ensino em Portugal. Estamos perante um ensino que trás ao cidadão uma série de informação, que terá de processar e empinar, como forma de alcançar um certo nível académico, muitas vezes básico, para chegar a “determinado emprego”, não o preparando com os instrumentos e conhecimentos necessários para enfrentar o mundo do trabalho. Assim, essa formação fica um pouco destinada às empresas, que na maioria dos casos simplesmente negligencia e utiliza-os nos habituais serviços desqualificados.

Ora baseando-se a nossa mão-de-obra em desqualificação tendencialmente barata, estamos a competir com países que oferecem o mesmo tipo de mão-de-obra. Países que os governos permitem o abuso nas condições de trabalho, como este exemplo na Polónia, em que nem o mais elementar acto de ser humano os empregados têm direito a usufruir condignamente. Isto sem falar do caso de outros países com mão-de-obra ainda mais barata, que para além das condições e das horas de trabalho ultrapassarem os limites do humanamente aceitável, a força motriz desse trabalho baseia-se em muito nas crianças que se vêem forçadas à quase escravidão para aliviarem um pouco a péssima qualidade de vida que as suas famílias têm. E tudo isto com o consentimento de governos autoritários ditos do povo e a complacência de certos países ditos super-desenvolvidos, cujo volume de investimentos nesses locais são de tal ordem elevados que qualquer alteração desta situação levaria a um valente abanão económico.

Num Portugal de século XXI não podemos competir nesta área, neste universo de mercado de trabalho, em que felizmente ficamos em desvantagem. Temos de ser um país qualificado, em que os trabalhadores estejam empregados devido à sua boa técnica e aos bons conhecimentos que trazem às empresas e aos seus produtos. Mas para isso há que mudar um pouco todo o sistema de ensino e, sobretudo, a mentalidade do emprego em detrimento do trabalho.

25 outubro 2006

In Polónia...

Crónicas Milanesas #2
No outro dia estava eu num encontro de eramus à conversa com um individuo polaco sobre os grupos económicos portugueses que estão a investir na Polónia. Contava-me ele que os estrangeiros têm dinheiro para investir na Polónia e os de lá não, porque estiveram muitos anos debaixo de uma ditadura comunista, que levou o país a um mau estar financeiro.

Contava-me ele que a maior cadeira de supermercados na Polónia pertencia a portugueses. Eu já tinha conhecimento disso, pertence à Jerónimo Martins SA, o mesmo dono do Pingo Doce. O que desconhecia era as condições de trabalho que as empregadas da caixa desse supermercado "usufruíam".

Segundo o que parece, as "caixas" do supermercado têm de usar uma espécie de fralda, «like the babys», para não interromperem o serviço, e assim aumentarem a produtividade! Tudo o que precisam de fazer, fazem-no ali, enquanto passam talvez uma alface ou quiçá uma embalagem de queijo.

Agora percebo a queixa dos grupos económicos portugueses quanto à baixa produtividade em Portugal relativamente aos novos países da Europa 25. Pois assim não há produtividade que "aguente"!

Saudações milanesas!

20 outubro 2006

VIETATO FUMARE

Crónicas Milanesas #1
Aqui em Milano, e penso que acontece o mesmo em toda Itália, é proibido fumar em qualquer local público fechado, seja restaurante, cafezito da esquina, disconight, repartição de finanças, tudo.

O resultado disto é o seguinte: posso comer descansado a bela da pizza no restaurante sem levar com o fumo do vizinho do lado; as roupas deixam de vir impregnadas com o fumo depois da noite na disconight, o ambiente em todo o lado é mais "limpinho".

E não me faz parecer que incomode muito aos fumadores terem de se deslocar aos locais abertos ao ar livre, designadamente nas discotecas, para fumarem o seu cigarrito.

E vocês, meus amigos fumadores e não fumadores, nem imaginam a utilidade desta lei em Portugal. Aqui há uns meses, quando se falou de um projecto-lei nesse sentido, também eu fui um pouco crítico. Mas só vivendo essa ausência de fumo, é que se entende!

Saudações milanesas!

16 outubro 2006

Carta aos Meus Amigos

Caros amigos, um bem haja a todos!

Eu por cá ando em Milano, a suposta capital europeia da moda... Cheguei bem, e cá me adaptei! Já lá vai quase um mês, e devido aos muitos pedidos de muitas famílias, volto aqui a escrever neste meu-vosso blog!

Português, Inglês, Italiano, e um pouco de Francês! São estas as línguas que diariamente tenho de falar. Porquê? Ora porque eu vim de erasmus para uma cidade cheia de erasmus portugueses, que tenho conhecido. Um cidade cheia de erasmus portugueses e cheia de erasmus de todas as nacionalidades! Ora daí vem o inglês como lingua oficial internacional! O inglês é internacional, mas não em itália... Por cá toda a gente só fala italiano... E eu lá me tenho de desenrascar nessa lingua para os afazeres do dia-a-dia! Como se não bastasse isso, ainda me foi calhar no apartamento dois franceses. Um fala inglês, o outro não... Vale os três anos de francês no secundário!

Itália é caótica! Transito caótico, serviços caóticos, aulas caóticas, tudo caótico! Um exemplo rápido: demorei duas horas e meia numa lojazita para conseguir obter um número de telemovel-vodafone de cá! E multibancos? Esquece... Os que existem em todas as esquinas de Lisboa, cá fazem-se aparecer muito raramente! E serviços extra não há: só se pode levantar dinheiro... Ainda dizem que Portugal anda mal!

Espero que esteja tudo bem convosco, e mandem-me novidades!

Beijinhos e abraços,
deste Dani!