23 abril 2006

No Euromilhões e Arredores...

Hoje fui jogar no Euromilhões (e como obvio é, nada ganhei!).

Eram umas seis da tarde e estava uma fila enorme no guichet das apostas. Ora logo aqui se vê o típico "deixar tudo para a última" do português, e a mínima vontade de ganhar dinheiro na vida através do árduo trabalho do dia-a-dia!

Não querendo falar de uma forma quantitativa, mas sim qualitativa, posso afirmar que nós, portugueses, somos dos que mais apostam no euromillion, e assim também acabamos por ser dos que levam mais prémios (a lei das probabilidades ainda reina, se bem que os diversos sorteios com dois números seguidos espalham uma ligeira desconfiança...)!

Além desta vontade fútil de jogador de boletins e de pouco trabalho, existe o facto de todos querermos entrar para o guiness! O sonho é a ribalta: o maior número de velas acesas em simultâneo, correr 24 horas numa passadeira eléctrica, a maior sopa do mundo, o maior presépio de chocolate do mundo, e mais um sem número de inutilidades. Todos queremos o nome da nossa santa terrinha no jornal, na tv, em todo o lado!

Ainda se defendêssemos os actuais e dignos recordes mundiais, como por exemplo a maior floresta de sobreiros, a qual está a desaparecer devido à crescente especulação imobiliária em torno dos belos "montes alentejanos"... Em Portugal está concentrada cerca de 33% da área mundial de sobreiros, sendo a responsável pela produção de 51% de toda a cortiça mundial, um produto de qualidade para exportação. Mas não... Só nos dá para as nulidades.

Haja protagonismo e sorte! É o que vai alimentando este nosso ego provinciano de ser português!

5 comentários:

Anónimo disse...

Os habituais leitores do código (como eu) regozijam-se com a volta em grande dos escritos do Daniel. Fico à espera de novas reflexões, por exemplo sobre o 25 de Abril visto por quem sempre viveu em Democracia, a constituição de 76, o Presidente de Camuflado da tropa, a economia que continua na mesma, a destruição do serviço público... sei lá. Venha mais Argúcia!

Daniel Carvalho Domingues disse...

sotor, é sempre um prazer ler seus tao entusiastas comentários!

O Neto da Rosa disse...

não discuto que a onda do "atao viste-me na televisão", "apareci na televisão", impera num país que hoje passados 32 anos da queda da ditadura ainda vive por vezes num preocupante estado de provincianismo, não um provincianismo patente, económico, mas um provincianismo nas convicções, crenças, num estado mais latente.
No entanto discordo completamente, na parte de que o português tenta fazer a vida através da sorte, em vez do ganhar no trabalho duro so dia-a-dia. Isso é típico de uma visão muito neo-liberal o de dizer que o povo não quer é trabalhar. Vejamos:
1) nos paises como luxemburgo, suiça e afins, paises com um desenvolvimento económico muito superior e um nível de produção muito elevado, é composto nalgus sítios com mais de 15% de mao de obra activa portuguesa.
2)Trabalho duro tambem devia de ser compensado com salários decentes, pois as conjuncturas só dão para contenção de custos e congelamento de aumentos salariais. Nunca vi congelarem a as renovações das frotas de automoveis dos conselhos de admnistração ou congelar viagens para paraísos quentes. Trabalhar no duro também merece não sermos mandados "passear" pa roménia se quisermos continuar a trabalhar
3)Além de que está provado que o jogo tal como o sexo e o consumo de drogas legais ou ilegais despertam a mesma zona de prazer no cérebro e descargas de adrenalina.
Portanto jogar além de humano, demonstra muito da realidade de um povo. Não podemos é cair no erro e facilitismo de reduzir a um simples acto de preguiça

Daniel Carvalho Domingues disse...

Senhor Verdadeiro Gariso, lendo este seu comentário deduzo que não percebeu a minha mensagem neste post que redigi, talvez devido a não me ter explicado da forma mais clara. Eu não pretendi dizer que “o português tenta fazer a vida através da sorte, em vez de ganhar no trabalho duro do dia-a-dia” – que de duro o português porque lhe faz. Digo, aliás, que o português FAZ a sua vida através do trabalho do dia-a-dia. No entanto, quando toca à parte de enriquecer – “ganhar dinheiro” – o português não se esforça por “subir” no trabalho, crescer e dar o seu melhor, e daí retirar os devidos proveitos. Prefere ficar sentadinho na secretariazinha do emprego a preencher uns boletins para a santa casa. Isso deriva precisamente do povo não querer trabalhar (que não é “uma visão muito neo-liberal”, mas sim realista). O senhor sabe bem, e ambos conhecemos os mesmos casos, que o povo procura um emprego que nada faça, e que “ganhe bem”. Ora mas alguém que nada faça pode aspirar a enriquecer, sem ser o ganhar para o dia? Também acho que não.
Relativamente aos pontos abordados, queria referir/acrescentar:
1) o fenómeno da imigração é um fenómeno à parte que não pode ser comparado com a situação de trabalhador no país natal;
2) acontece que em Portugal não se trabalha no duro, e prova disso é a baixíssima produtividade em Portugal. Como podemos comparar salários com países europeus cujo nível de produtividade é bem superior?
3) não foi uma tentativa minha de reduzir este comportamento a um simples acto de preguiça”, mas sim o de o jogo, e nomeadamente o euromillion, ser um escape e uma tentativa de enriquecimento fácil, sem grande trabalho. Acontece é que não surge a muitos!

O Neto da Rosa disse...

Um caso de má comunicação, normal entre homens de ciencias e não de letras.
Concordo plenamente na parte que muita vez se procura um emprego e não um trabalho.
Na parte de trabalhar no duro (nao me expliquei bem), refiro-me às pessoas que trabalham em linhas de produção e não atrás de uma secretária.
Relativamente aos salários, nunca podia falar de níveis salariais como dos paises nordicos ou algo semlhante, pos também estou de acordo que as empresas têm de manter uma competividade económica, mas tar ao menos ao nível do nosso pais, visto que o custo de vida é muito superior que em alguns paises nordicos (relação preços/salarios), e pelo menos competir com a grécia, eslovénia e afins