16 novembro 2006

Da Génese de um Atraso

Reflexões sobre Portugal no Mundo
Há quem diga que o actual atraso de Portugal relativamente aos países ditos desenvolvidos, e especificamente os europeus que estão culturalmente mais próximos de nós, se deve aos 30 anos de ditadura salazarista que vivemos num passado próximo. Não digo que isso não tenha contribuído para este estado de atraso, mas fica muito longe da causa de fundo. Por muito discutível que possa ser, na minha opinião o atraso que Portugal conhece não é exclusivamente culpa directa do povo português. Aliás, o português é tipicamente autocrítico com uma enorme falta de confiança em si próprio. Daí toda esta culpabilização!

A principal causa do atraso português deriva na nossa geolocalização. O facto de estarmos na “periferia” da Europa e numa península condiciona a rápida circulação de informação e de pensamentos. Estando no centro é mais fácil o cruzar de ideias e de inovações, pois o caminho é mais “curto”! Não sendo esta situação recente, se formos estudar um pouco da pré-história da península ibérica e particularmente deste nosso cantinho, poderemos ler arqueólogos e historiadores referirem que não é possível datar as diversas épocas evolutivas que se sucederam no centro da Europa na mesma altura que sucederam por cá. Pelos vestígios encontrados, os instrumentos “tecnológicos” chegavam atrasados e muitas vezes acabavam por ser mais rudimentares. Logo trata-se de um problema já antigo.

A juntar a este facto, posso afirmar de uma forma empírica que a nossa origem latina e mediterrânea não abona nada a favor. A nível da “personalidade” de um povo, podemos fazer alguns paralelismos com países como a Itália, França, Grécia, Espanha (ressalvando que o passado próximo de Espanha proporcionou um desenvolvimento diferente). Mas esta questão já tem a ver com antropologia, uma área que desconheço na generalidade. Por isso apenas levanto a ideia.

No entanto, não podemos admitir este cenário pessimista como um fado que não podemos contornar. Se olharmos para o passado, vemos os descobrimentos como uma época áurea da história do nosso país. Por algum tempo conseguimos “rodar” o mundo e colocarmo-nos no centro geográfico e tecnológico. E só assim foi possível porque houve alguns portugueses que tiver uma visão e concretizaram-na, levando a nossa humilde língua a ser a sexta mais falada no mundo.

Este atraso não é invencível. O que precisamos é de homens e mulheres com visão e com coragem para mudar! E não deixar a “moeda fraca” sobrepor-se à “moeda boa”…

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