18 junho 2005

POLÍTICA - A Europa do NIM

Situação:
- governantes fizeram uma constituição para a Europa;
- governantes optaram por deixar os cidadãos escolherem se queriam a constituição;
- cidadãos de dois países importantes da união exprimiram-se significativamente para dizer que NÃO queriam a constituição;
- há forte probabilidade de cidadãos de outros países da união dizerem que NÃO querem a constituição europeia.

Medidas dos governantes:
- adiar os referendos dos restantes países e a decisão de SIM ou NÃO à constituição para daqui a algum tempo, quanto tudo “estiver mais calmo”.

Reflexão:

Presumo que o objectivo dos referendos seja que os cidadãos tenham o poder de decisão directa sobre questões que os nossos governantes concluam ser de especial relevo. Ora se em dois países os cidadãos decidiram significativamente que NÃO queriam a constituição europeia e que, a cumprir-se as sondagens, noutros países também surgiria um NÃO à constituição, é porque realmente os cidadãos europeus NÃO querem uma constituição para a Europa. Lógico, não é? Questão encerrada.

Estava-me a esquecer… Não é questão encerrada. Há um adiamento do processo! E pergunto eu: mas porquê?

Aproxima-se o NÃO à constituição europeia e os nossos governantes adiam a decisão para quando tudo “estiver mais calmo”. E depois se, nessa altura, houver outro NÃO? Volta-se a adiar? Se eles querem o SIM e os cidadãos querem o NÃO, porque é que insistem com referendos e com o adiar do processo? Acabem com os referendos e aprovem eles mesmos a constituição europeia! Porque nos querem obrigar a um SIM? Será para que no final digamos todos em côro “obrigado grandiosos governantes por nos terem possibilitado a escolha de uma constituição que muito queríamos”?

Enfim, coisas lá de Bruxelas

2 comentários:

Anónimo disse...

Antes demais, devo referir o enorme privilégio que é o de comentar as ideias deste grande senhor que é o Dani. Com umas palavras um pouco ao estilo de Marcelo Rebelo de Sousa mas com um certo piscar de olho à esquerda. Após uma breve introdução em tom de prefácio, passo ao meu comentário.

Os claros NÃO da França e da Holanda despoletaram uma crise da Europa a 25. Poderá-se pensar que o NÃO está directamente associado ao conteúdo da constituição, ou talvez seja mais do que isso. Na verdade, a grande maioria dos cidadãos europeus desconhece o que diz a constituição europeia. Contudo, devido à crise economica inposta pela liberalização dos mercados asiáticos e adesão dos paises de leste, os cidadãos vêem o referendo como uma forma de protesto, não à Europa, mas à crise. Internamente, a adesão dos novos países de leste, relativamente próximos da Europa central, trouxe uma canalização e deslocação do investimento para estes, principalmente devido ao factor custo de mão de obra. Não querendo fugir ao tema proposto, nomeadamente o referendo à constituição europeia, proponho um futuro tema com o titulo: “Europa a 25, que futuro para Portugal”. Ouve ainda aqueles que votaram contra, devido apenas a problemas internos. Assim sendo, quando a desinformação é evidente, o referendo é utilizado apenas como meio de expressão de revolta. O adiamento do referendo em outros países deverá favorecer a informação dos cidadãos europeus. É claro que o NÃO expressado pelos dois países é difícil de aceitar e é mais uma facada, numa Europa em crise e desunida.

Daniel Carvalho Domingues disse...

ED, deixa-me dizer-te que para quem tinha uma certa tendencia para o BE, bem que andas a piscar os 2 olhos à direita!

fica bem! conto com os teus uteis comentários sempre que possivel!